quarta-feira, 2 de maio de 2012

Odalisca: um poema em sete véus



Autor: Guilherme De Souza
I
Queira eu clamar teu nome
Como quem chama a própria alma
De volta ao corpo
Como quem pede por ajuda
E por socorro
Como quem ama e por amor
Se acha morto
E os teus olhos (eu os vejo)
Eu os conheço
De outros tempos
De alguns versos atrás
Eu alegrá-los tento
A eles pertenço
(Eu que amá-los
Já não posso mais).
II
O teu abraço
O teu cheiro que me envolve
A tua presença
Que me marca, que me esquece
Estes são traços
Da mulher que me conhece
Que me ama, que ilude
Que me cria e me destrói
O amor que me corrói
Que me apascenta
E enaltece
É o mesmo amor
Que me procura
É teu veneno, é minha cura.
III
Os teus beijos sonho
Já que não os tenho
Onde não os ponho
Ficaram assim
Inconsumados
A cada encontro, a cada abraço
Um quase beijo vem no encalço
Eu me resisto e eu me freio
Eu me perco e eu me acho
Eu queria sentir teu lábio
Lábio-tocando-lábio
Boca-tocando-boca
E desse o destino ensejo
Beijo por sobre beijo.
IV
Onde se faz o ato
É consumada
A desgraça, a vileza
A vingança
Razão perdida
Delírios na esperança
De uma honra conquistada
Mas honra aqui
Não vale nada
Eu me desfaço, eu me afasto
Eu me perdoo
Eu sinto o gosto
Como o sente a acabada
Honra
Mas honra aqui
Não vale nada.
V
Mais de mil faces
Se constroem em meu palácio
Pudera eu ter fácil
A alegria que vem delas
Mas elas mentem
Elas fingem, elas sentem
A hipocrisia que escondemos, que criamos
E se perdemos o sentido
Dessas vidas
E por perdidas já as temos
Já estamos
Consideramos perdida
A rebeldia.
VI
De novo vens
Como vem o amanhã
És tão intrusa, penetrante
Quanto o sol
Não vens sozinha
Sim, vens com novo amante
É tua vinda indecidida
Te percebo, e para mim reclamas
De um certo que não amas
Não te ama (ninguém ama)
Nada faço (te observo)
Eu te olho
(E não te enxergo…)
VII
Nessa dança
A qual nós chamamos vida
Eu a encontro
Imerecida
Foi amante, foi amiga
Foi tudo e foi tão pouco
E agora tanto faz
Dançarina das mil noites
Bailarina das mentiras
Que a mim não enganas mais
E se teu último véu não tiras
A mim, quero que me digas
Para quem o tirarás?


Da linda e poetica fonte: http://musicasaovento.wordpress.com (http://musicasaovento.wordpress.com/2009/10/06/odalisca-um-poema-em-sete-veus/)

Img:Google

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Ana Cláudia Lara